Ciências Humanas
Sociologia
Resumo
A socialização, processo pelo qual cada ser humano aprendeu a interagir com os outros, está se alterando em virtude das inovações tecnológicas como a inteligência artificial. Um exemplo simples são os algoritmos que nos recomendam produtos, bens de consumo, filmes, vídeos, músicas e até mesmo novas amizades. Em nossa pesquisa, observamos que a socialização realizada de maneira massificada através da IA tem o potencial de ampliar problemas como as injustiças, as desigualdades, as opressões às liberdades e podem contradizer a dignidade humana. A IA por trás desse processo é uma construção humana e, assim, carrega os preconceitos de quem a criou. Por meio de algoritmos, esses preconceitos podem ser amplificados e reproduzidos em larga escala, o que interfere no processo de socialização de milhões de pessoas. Desse modo, é preciso desenvolver um sentido crítico da tecnologia e refletir sobre a razão que orienta a sua produção. Essa reflexão crítica é importante para evitar que a ciência e a tecnologia se tornem instrumentos de dominação e controle das mentes e corpos. Um produto tecnológico deve ser produzido com autocrítica e responsabilidade ética e, para isso, a nossa premissa é que ela seja interdisciplinar. Em geral, os cientistas que desenvolvem e alimentam essa tecnologia não se comunicam com outras áreas do saber que poderiam dar apoio ao debate sobre os usos e efeitos da Inteligência Artificial em questões sociais e éticas complexas. Como apontamos, a IA já tem um impacto enorme na sociabilidade humana e no processo de socialização. Por isso, a sua pesquisa e desenvolvimento deve ser interdisciplinar, agregando os conhecimentos da ciência da computação, da sociologia, da filosofia, da psicologia e de qualquer ramo do saber que possa torná-la livre e crítica, permitindo uma perspectiva democrática e humana.
Palavras-chave: Socialização, Inteligência Artificial, Razão crítica