Ciências Humanas
História
Resumo
Este projeto de iniciação científica tem como proposta dar voz às experiências de dor, resistência e martírio vivenciadas pelos negros e libertos do Mundo Atlântico do século XIX. Investiga-se a única autobiografia conhecida de um escravizado africano que passou pelo Brasil, Mahommah Gardo Baquaqua. A obra de Baquaqua é o fio condutor desta pesquisa para entender a trajetória de indivíduos que, como ele, traficados e escravizados, mesmo conquistando a liberdade tiveram de enfrentar as crueldades impostas pelas visões racistas do período. Acompanha-se a trajetória desse indivíduo pelos vários espaços e ambientes pelos quais circulou – África Ocidental, Brasil, Estados Unidos, Haiti, Canadá e Inglaterra –, com o objetivo de conhecer as diferentes realidades nas quais a escravidão e a cor da pele promoveram violências, resistências e negociações. A pesquisa terá duas fases, complementares: uma pesquisa bibliográfica sobre autobiografias, como documentos históricos, e sobre a conjuntura do Atlântico no século XIX, com ênfase no tráfico de escravos e nas experiências de pessoas negras nos diferentes ambientes que o personagem central conheceu; e a seleção, organização e apresentação dessas informações por meio de uma plataforma digital escolhida para esse fim. O produto final dessa ampla pesquisa será o mapa interativo Baquaqua: escravidão e liberdade no Mundo Atlântico do século XIX, no qual será possível visualizar o trajeto de vida de Baquaqua, bem como ver informações sobre os ambientes, os espaços e as relações históricas construídas, criando uma ferramenta lúdica e útil ao processo de ensino-aprendizagem. Ao dar voz a Baquaqua, esta pesquisa confere a esse indivíduo o protagonismo de sua própria história, ao mesmo tempo em que busca provocar empatia a partir das experiências vivenciadas pelo coletivo de pessoas negras, escravizadas e livres no século XIX.
Palavras-chave: Baquaqua, Atlântico Oitocentista, Mapa Interativo