Ciências Humanas
Antropologia
Resumo
Este trabalho investiga relações familiares em “grupos de WhatsApp” durante as eleições de 2018 e 2022, analisando conflitos ideológicos e práticas de silenciamento com base na análise do discurso de Eni Orlandi. A pesquisa utiliza entrevistas para identificar como membros de grupos familiares controlam as discussões políticas e censuram visões divergentes. Para tanto, foram realizadas entrevistas com membros que pertenciam a grupos de família de WhatsApp durante o período eleitoral em análise. Desse modo, os dados analisados demonstraram que não só algum nível de silenciamento se faz presente em parte majoritária dos relatos entrevistados, mas também que as principais formas de silenciamento discursivo estão no âmbito do chamado “silêncio local”, além da interdição de efeitos de sentido político-ideológicos quando direcionados à corrente esquerdista de pensamento. Entretanto, foram identificados relatos que evidenciam dinâmicas de poder distintas das práticas de silenciamento, as quais não foram sustentadas pelas concepções epistemológicas defendidas por Orlandi (2007). Esses relatos incluem discursos religiosos e manifestações que desencadeiam manipulação, além de práticas de controle e vigilância no ciberespaço. Em decorrência disso, a pesquisa incorporou um novo referencial teórico: o conceito de poder pastoral de Foucault (2008). A análise desse conceito revela que membros da família em posições hierárquicas utilizam mecanismos pastorais para impor suas ideologias políticas como verdades sagradas, influenciando a adoção de crenças semelhantes e punindo visões divergentes.
Palavras-chave: Parentesco, Política, Redes sociais