Ciências da Saúde
Saúde Coletiva
Resumo
O Brasil é um dos principais consumidores de agrotóxicos no mundo, especialmente na cultura da soja, consumindo aproximadamente 20% dos agrotóxicos globais. Embora esses compostos sejam projetados para combater pragas, suas similaridades bioquímicas com organismos humanos resultam em efeitos adversos. Entre os mais usados, os organofosforados, desenvolvidos inicialmente para fins militares, são neurotóxicos mesmo em baixas concentrações. A subnotificação de casos de intoxicação limita a compreensão da extensão dos danos à saúde pública e ambiental. Foi conduzida uma revisão sistemática da literatura em bases acadêmicas como SciELO e PubMed, utilizando buscadores que relacionassem agrotóxicos com efeitos na saúde. Após aplicar critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 10 artigos, publicados nos últimos 15 anos. Dos artigos analisados, 20% abordaram intoxicações agudas, enquanto 40% trataram dos efeitos neurológicos e outros 40% destacaram os impactos ambientais e sociais. Mesmo em estudos que não focaram diretamente nos efeitos neurológicos, houve menções à neurotoxicidade dos agrotóxicos, especialmente na inibição da acetilcolinesterase causada por organofosforados, o que pode provocar autismo, TDAH e redução do QI em crianças expostas. Para complementar o trabalho, foi realizada uma entrevista com um agricultor orgânico, ou seja, um produtor de alimentos sem a utilização de agrotóxicos. O agricultor orgânico destaca os desafios no acesso a incentivos públicos. A pesquisa demonstra que o uso intensivo de agrotóxicos no Brasil tem efeitos cumulativos e significativos na saúde pública e no ambiente. Falhas na regulamentação e falta de incentivos para práticas agrícolas orgânicas agravam o problema, especialmente em comunidades vulneráveis. Os dados reforçam a necessidade de políticas que promovam alternativas sustentáveis e protejam a saúde das populações expostas.
Palavras-chave: Agrotóxicos, Intoxicação, Transtornos neurológicos