Ciências Humanas
Sociologia
Resumo
No ano de 1926, Nise Magalhães da Silveira, médica alagoana e famosa psiquiatra, finalizou sua formação na Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher a completar o curso, em uma turma com 157 alunos homens. As mulheres demoraram muitas décadas para que pudessem consolidar ingresso e permanência no ensino superior. No caso da medicina, não foi diferente, porém, atualmente, não se vê mais essa dificuldade, já que representam a maioria no curso de Ciências Médicas, notando-se o domínio feminino na profissão, visto que são a maioria de inscritas no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP). Embora esse cenário seja favorável para elas, um fenômeno interessante acontece: das 55 especialidades médicas, os homens predominam em 36, enquanto as mulheres, em apenas 19. Este estudo teve como objetivo geral compreender os motivos que levam as mulheres, tanto na universidade quanto no mercado de trabalho, a escolherem especialidades associadas ao serviço reprodutivo. Além disso, objetivou-se descrever a trajetória da mulher na medicina e avaliar a feminização desse segmento e suas particularidades. Como metodologia, fez-se a análise quali-quantitativa. O grupo passou questionários anônimos, via Google Forms, para estudantes de Medicina do gênero feminino e para médicas já formadas e no mercado de trabalho. Os dados revelaram que a maioria ouve frases que desincentivam a carreira nas áreas cirúrgicas e de ortopedia, enfatizando áreas associadas ao trabalho reprodutivo, como pediatria e ginecologia. Concluiu-se que as escolhas pelas especialidades estão diretamente ligadas às frases misóginas que permeiam as faculdades de Medicina e consultórios, fruto da sociedade patriarcal consolidada.
Palavras-chave: Feminização, Medicina, Machismo