Ciências Humanas
História
Resumo
Este trabalho busca aprofundar a compreensão sobre a dinâmica socioeconômica e ambiental das grandes obras de infraestrutura, que frequentemente se apresentam como soluções para o desenvolvimento, mas têm impactos profundos e duradouros sobre as comunidades locais e o meio ambiente. Neste estudo, a análise detalhada do caso da Barragem de Pedra do Cavalo, no Recôncavo Baiano, durante a ditadura civil-militar (1964-1985) no Brasil, nos permite extrair considerações importantes sobre as consequências dessas iniciativas e como elas se relacionam com os discursos contemporâneos de desenvolvimento sustentável. Ao investigar como os trabalhadores rurais se organizaram para lidar com o deslocamento forçado e os impactos da construção da barragem, é perceptível a importância da resistência local para proteger os direitos das comunidades afetadas. Além disso, a análise crítica das políticas de desenvolvimento no Brasil revela seu viés pró-interesses econômicos em detrimento das populações locais. Nesse contexto, o objetivo do estudo é analisar as perdas financeiras e territoriais enfrentadas pelos afetados pela construção da barragem, as compensações oferecidas pelo governo, bem como a sistemática da violação dos direitos humanos na implantação de Pedra do Cavalo. Consequentemente, este trabalho analisa o impacto da construção da barragem de Pedra do Cavalo sobre a comunidade afetada, destacando a negligência da Justiça de Transição pelo Estado Brasileiro e a hipótese da "violência administrada" sob a perspectiva da História Vista de Baixo. Para análise aprofundada, foram usados recursos bibliográficos acessados pelo Arquivo Edgard Lauenroth e documentação exclusiva da ex-técnica da DESENVALE, empresa-chave na construção da barragem, que serão doados para acervo. Este estudo resultou em uma visão histórica holística da violação de direitos humanos na implementação da Barragem de Pedra do Cavalo durante o período ditatorial.
Palavras-chave: Barragem, Ditadura militar, Direitos humanos