Ciências Humanas
Educação
Resumo
Este estudo procura entender o uso na atualidade do clítico dativo "lhe" de terceira pessoa, verificando, assim, a capacidade de produção dele por falantes nativos do português brasileiro, em especial, de alunos de ensino médio, de modo a entender melhor a capacidade dos estudantes de distinguir o contexto desse clítico e permitir conferir se isso teria alguma relação com o desuso de pronomes oblíquos átonos de terceira pessoa descritos por estudos (CYRINO, 1994; KATO; RAPOSO, 2005; KATO; CYRINO; CORRÊA, 2009; NUNES, 2015). A análise foi possível a partir de um teste cloze que foi feito em um formulário respondido por alunos do ensino médio, mas também por alunos da graduação para comparação. O teste continha várias frases-alvo tanto para casos dativos quanto para casos acusativos, de forma que se poderia conferir tanto a produção dos clíticos quanto a habilidade dos estudantes de distinguir os dois casos. Observando-se os dados obtidos a partir dos gráficos, percebeu-se, na maior parte, o uso adequado do “lhe” nos casos em que ele deveria ser atribuído. Além disso, ainda foi possível notar uma grande noção do clítico acusativo, que inclusive apresentou maior frequência. Uma das considerações mais importantes a se fazer é a de que os participantes, além de terem produzido os pronomes, conseguiram, de modo geral, distinguir os contextos de emprego de cada um dos pronomes, tanto da graduação quanto os de ensino médio, o que anula a hipótese da falta da noção do uso do dativo como um motivo do seu desuso, tendo em mente que os estudantes com um menor nível de letramento também foram capazes de distinguir os diferentes contextos para cada pronome.
Palavras-chave: Teste cloze, Clítico dativo, Clítico acusativo